Pontos finais e definições
Em uma sessão de terapia, minha orelha foi puxada. “Alan, as suas histórias de amor têm algo em comum: elas não possuem um final. Todas são um ponto de interrogação”.
A minha primeira paixão, a colega de escola, a vizinha, as amigas de curso e de faculdade, a conhecida em um evento, a crush do trabalho…
É verdade. Pois bem. Venho com uma conclusão. Acompanhada de clareza e figurativos tapas na cara.
Clareza no sentido de entender que nem sempre aquilo que idealizamos é verdade.
“Tapas na cara”, pois não podemos criar expectativas. É preciso dar adeus àquilo que nos prende e que não nos deixa evoluir. Não vou dar adeus a estas humildes escritas, por exemplo. Afinal, este é o espaço que faz com que meus devaneios tolos se tangibilizem. Isso é bom. Não é?
Por isso, esclareço àqueles que acompanham meus lamentos. Dar-lhes-ei conclusões. Caro leitor, gostaria, antes, de expor um alerta: se você espera por finais felizes, o desfecho aqui posto pode ser frustrante.
Tudo bem que “final perfeito” é algo abstrato. O que seria o “perfeito”? E o “felizes para sempre”? Sempre faço o questionamento pensando nos enredos finais daquele casal da novela ou do filme que termina junto, eles nunca tiveram uma briga ou mesmo um momento de reflexão sobre as suas continuidades como pares?
Um livro que devoramos em pouco tempo precisa de desfecho. São necessários, mesmo que não agrade. O ponto final-final faz com que não tenhamos pontos de interrogação eternos.
E na vida isso não é diferente, pois mesmo quando não esperamos pelos fins, como quando desistimos, coisas mal resolvidas costumam voltar. Estas, mais do que qualquer outra coisa, cobram um final. A depender do mal, voltam com força e em busca de resolução.
Os pontos finais podem ser outros pontos, como de exclamação e reticências. Mas não é recomendável que sejam pontos de interrogação, como nas minhas histórias.
Estes pontos têm papéis claros para a maioria das pessoas. Não é como os pontos e vírgulas, coitados, que costumam ser usados como o sal na maioria das receitas, a gosto de quem cria.
As histórias precisam seguir seus rumos. Cada pessoa tem a sua. Nem sempre como protagonista. As histórias se entrelaçam, se conectam, porém não temos domínio pela do outro, que possui seus personagens, suas próprias ambições e caminhos nem sempre ligados aos seus.
Descobri, numa conversa a caminho do trem, que ela era o grande amor da minha vida. Da minha, apenas. Não sou o amor da vida dela.
Descobri que o amor que eu mantinha precisava morrer. Pois é uma ilusão. Ilusões enganam. Faz mal alimentá-las. É assim, caros, que este capítulo, dolorido, triste e melancólico, termina. É o ponto final que temos para aquele leitor insistente que merecia, ao menos, um final bonito (seja ele a emoção que fosse).
O mais otimista pode ver este momento como algo positivo. E é verdade. Os aprendizados sempre valem a pena. Preciso, antes, listar quais são e me convencer deles.
De minha parte, acumulo mais histórias frustradas. Ela, por sua vez, dá início a um belo novo capítulo.
Para no fim viver feliz para sempre.
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